segunda-feira, janeiro 07, 2008

O fanatismo da tolerância

Não podia estar mais de acordo com este artigo de Vasco Pulido Valente, publicado no jornal Público no passado dia 5 de Janeiro.

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05.01.2008, Vasco Pulido Valente
O Governo socialista de José Luis Zapatero resolveu suprimir o ensino religioso, facilitar o divórcio e permitir o casamento de homossexuais. O objectivo é o "reequilíbrio" da Espanha, que, segundo parece, trinta anos de democracia deixaram excessivamente católica e "franquista". Dentro do seu papel e do seu direito, o arcebispo de Madrid e o arcebispo de Valência convocaram uma pequena manifestação de protesto (160.000 pessoas) contra a "cultura do laicismo" e contra leis que alegadamente contrariam o "matrimónio indissolúvel" e a "transmissão da vida". O Governo de Zapatero acusou logo a Igreja de se intrometer na campanha eleitoral (a 9 de Março há eleições), de fazer um comício como um vulgar partido (no caso, o PP) e de "ignorar" e "não respeitar" os princípios da liberdade.
Em Espanha, e na "Europa" inteira, ninguém se lembraria de criticar ou de inibir manifestações contra o ensino religioso, pela facilitação do divórcio ou pelo casamento de homossexuais. Como ninguém se lembra de criticar ou de inibir manifestações por formas de autonomia nacional que roçam, ou até entram, pelo separatismo. E obviamente ninguém pede que se ponha fim a uma certa propaganda islâmica ou, se preferirem, de ensino corânico, que prega a perversidade essencial do Ocidente e tenta promover a sua expeditiva eliminação. Tudo isto a "Europa" acha legítimo; e sobre tudo estende a sua simpatia. Em contrapartida, cai o céu se qualquer católico, padre ou Papa, se atrever a afirmar activamente o que pensa. A "Infame" deve estar calada ou, pelo menos, ser discreta.
O fanatismo, o da Espanha (de Zapatero) e o da "Europa", não é novo; e o fanatismo anticatólico também não. É só estranho que este se funde na "diversidade" e o aceitem em nome da "tolerância". Uma "diversidade" imposta e limitada pela força do Estado, que não levanta a mais leve dúvida ou o mais leve incómodo. E uma "tolerância" reservada ou recusada pela ortodoxia oficial, que se tornou o argumento supremo da intolerância. O mundo moderno e a opinião que o sustenta autorizam o que autorizam e proíbem, muito democraticamente, o resto. As democracias, como se sabe, produzem com facilidade aberrações destas. Quem não gosta que se arranje ou se afaste. O Papa Ratzinger previu para a Igreja uma era de quase clandestinidade. Provavelmente, não se enganou.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ainda bem que este artigo estava na primeira pagina do blog. Nao perdi o meu rico tempo a ler opinioes de alguem que acha que exigir a separacao do estado da igreja e' "fundamentalismo". Que acha que exigir que a Igreja esteja caladinha em temas politicos e' "fundamentalismo". Fossem todos os blogues assim, e nao se perdia tanto tempo a descobrir os reacionarios. Obrigado.

Pedro disse...

Caro anónimo,

Volte Sempre...

Cumprimentos,
Pedro