sexta-feira, dezembro 05, 2008

"Voar de Lisboa"

Decidi publicar aqui um artigo de opinião de Jack Soifer no Jornal OJE sobre o aeroporto de Lisboa.

Voar de Lisboa...
por Jack Soifer

Na minha coluna de 18/12/06, denunciei sobre o título "Ota à toa até 2030" os erros de cálculo daquela aventura. O certo, como que se faz na União Europeia, era usar a pista de Montijo e ali fazer um terminal para low cost e carga, ao custo de uns 200 milhões de euros, em vez de 4 mil milhões.

Após entrevistar especialistas do sector, afirmei que o número de aterragens não aumentaria, mas sim o de passageiros por aterragem. Agora, só a TAP anuncia o corte de 150 voos por dia, a TUI 15%. Sugeri, o que foi feito, mangas e um novo terminal para Portela.
Hoje o título seria "Alcochete à toa até 2040" ou "Alcochete mata o turismo". O consórcio que ficará com a ANA, para obter o capital necessário e emprestar o restante, terá que aumentar as actuais tarifas.

Huelva, na Andaluzia, fará uma aerogare que levará os 30% de turistas que hoje aterram em Faro e para lá vão, mais os 30% dos que ficam pelo Sotavento algarvio.
Vigo fará tudo para atrair os que hoje, do Porto para vão para o Minho. As taxas em Lisboa e Funchal aumentarão para compensar estas perdas. Lisboa perderá turistas.

Desde 2004 que alerto para a crise: no Avezinha em 11/11/04, 28/04/05 e 13/10/05; no Jornal de Negócios em 04/06, 31/07 e 03/10/06. É só estudar os ciclos económicos, usar as fórmulas dos Nobeis e ouvir os empresários do sector.

O aeroporto no campo de tira vai matar metade do turismo e criar 120 mil desempregados. Para o lobi do betão é óptimo ter a mão de obra barata e importar 81% dos 6 mil milhões que os pobres terão que pagar em impostos e outros poucos em caras taxas aeroportuárias.

A obra ocupará dois durante quatro anos. E depois? A alternativa ainda é um terminal em Montijo, como as funcionais aerogares de Nykoping, Hahn e Marselha 2.

2 comentários:

Teófilo M. disse...

O Montijo sempre me veio à cabeça, mas pelos vistos não é opção viável, bastará ler as conclusões do recente simulacro de terramoto em Lisboa para se perceber isso.

Pedro disse...

No entanto, não serve para colocar as low costs quando (e se) a Portela esgotar a sua capacidade?