quinta-feira, janeiro 14, 2010

Gestão à portuguesa...

Pelos vistos, na ânsia de garantir o evento, estes senhores nem leram bem o contrato. Agora, deparam-se com a probabilidade de terem de arcar com os 3,5 milhões de euros (CM Lisboa, CM Oeiras, Turismo de Lisboa) por a Red Bull incluir no contrato a exclusividade de patrocínio. No caso de quererem contestar, têm de o fazer em Viena, porque nem repararam que constava no contrato que eventuais diferendos terão de ser tratados nos tribunais de Viena.

Uma anedota!

2 comentários:

Anónimo disse...

Editorial: O regabofe lisboeta
Autor : Manuel Queiroz - Director E-mail : manuel.queiroz@grandeportoonline.pt Data : 29-01-2010 - 12:00



Duas notícias de ontem: o PIDDAC 2010 para o Porto é um sexto do que se prevê gastar em Lisboa e o Benfica recebeu 65 milhões de euros para construir o Estádio da Luz através da Câmara de Lisboa, segundo a investigação da PJ sob a direcção da unidade especial do Ministério Público criada para investigar o Apito Dourado.

Todos sabemos que o Euro 2004 deu direito a muitas festas, antes, durante e depois do evento. Mas 65 milhões de euros é metade do que custou o Estádio do Dragão - e esses 65 milhões não incluem o que o Estado dava como comparticipação normal, digamos assim. E como um dos passatempos favoritos de alguns colegas meus de Lisboa e de alguma classe política era falar das verbas que Fernando Gomes - enquanto presidente da Câmara do Porto - deu ao maior clube da cidade, fica aqui claro que contas se fazem. Até porque não me esqueço de que, uns anos antes, Jorge Sampaio, então presidente da Câmara de Lisboa e futuro presidente da República, quando assinava mais um protocolo com um (ou os dois) clubes de Lisboa, dizia que não se podia continuar assim, a dar dinheiro aos clubes, e terrenos e bombas de gasolina... Continuou-se, claro, até porque o presidente do Benfica Manuel Vilarinho chegou a apoiar Durão Barroso e o PSD nas eleições de Março de 2002, como bem se sabe, num acto aliás lamentável. Não há almoços grátis, claro, mas tão caros... Não haverá petróleo em Lisboa, mas há seguramente outras coisas que não há no resto do país - um regabofe que deixa o povo muito irritado. As irregularidades detectadas são mais do que muitas em todos aqueles contratos e já não estamos a falar dos tempos de Vale e Azevedo, que também deu jeito para deitar para baixo do tapete muita porcaria.
Semanário GrandePorto

Anónimo disse...

Horizontes: As escutas


Autor : Fernando Tavares



As escutas dos “Apitos dourado” e “Final”, sabemos hoje, não morreram e se havia alguma dúvida a pairar sobre as reais intenções destes processos, elas ficaram agora completamente esclarecidas. Todo o processo tem um único objectivo: atingir uma pessoa. O que percebemos hoje é que tudo foi conduzido, não pela justiça, mas por justiceiros.

A revelação das escutas na internet mostra bem a que ponto chegamos e deve pôr-nos a todos em estado de alerta. Não é suposto que conversas privadas sejam do domínio público, pura e simplesmente não é suposto.

Já conhecíamos a transcrição dos conteúdos das conversas, mas conseguir ouvi-las já é algo muito mais grave. O argumento “quem não deve não teme” não colhe neste caso. É perigoso deixar decisões nas mãos de justiceiros: eles não avaliam, eles limitam-se a tentar sustentar as teses que defendem e isso torna-os obcecados, logo perigosos. Como podem conteúdos destes aparecer assim em público, os cd’s estão à mão de todos?

Analise-se cada pormenor das conversas, de que queremos que falem os homens do futebol? De política? Economia? Do estado do tempo? De que falam os empresários entre si? De que falam maioritariamente os médicos entre si? Quando um empresário oferece uma acompanhante ao director de uma empresa, nas vésperas de uma reunião importante, está a comprá-lo? Poderá esse director fazer uma má opção em agradecimento por uma noite bem passada? Ou será um agrado, a forma que essas pessoas entendem ser a de receber bem?

Quando João Loureiro pede um determinado árbitro auxiliar está pedir um comprado ou a pedir o melhor, aquele que não erra muito? Pinto da Costa pede um sumaríssimo e é crime? Quantos não foram pedidos em público? A pressão, o lobby, em democracia é crime? Nunca tentamos usar a nossa influência para nada?

Se cada um de nós fosse escutado, quantos divórcios haveria? Quantas mulheres e homens se veriam em maus lençóis se a cara-metade ouvisse aquele comentário feito a uma amiga/o? Quantos homens/mulheres veriam a vida dupla acabar? Quantos empregados perderiam o emprego se o patrão tivesse acesso a essas escutas? O que acham que Cavaco disse de Soares no segredo dos telefones quando era primeiro-ministro? O que pensam que Sócrates chamou a Cavaco? E, etc.,. etc. E, já agora, a propósito do jornalista António Tavares Telles. Que jornalista, no seu perfeito juízo pode desperdiçar uma informação de uma fonte como o presidente do FC Porto? Quantas vezes damos, nós jornalistas, informações que sabemos não passar de hipóteses? De fontes credíveis, é certo, mas hipóteses?

Bem sei que a curiosidade humana é infindável, só que o que é privado, salvo força maior, assim se deve manter. Espero que agora haja responsáveis por esta fuga impensável, espero que alguém justifique porque não foram destruídos os CD’s logo que as escutas fse revelaram inúteis.


Semanário Grande Porto