A transformação da Casa da Quinta da Prelada, no Porto, num centro cultural espera há um ano por licenciamento devido ao facto de a Santa Casa da Misericórdia, proprietária do espaço, ter sido obrigada a introduzir modificações no projecto inicial. De acordo com informações da Câmara do Porto, tanto a Autarquia como o IPPAR (Instituto Português do Património Arquitectónico) "levantaram questões relacionadas com um volume arquitectónico de ampliação em vidro, considerando que descaracterizava o edifício original" e o projecto definitivo, do arquitecto António Barbosa, ainda não foi entregue.
Estêvão Samagaio, comissário-adjunto da Santa Casa, explicou ao JN que está em causa a construção de "uma enorme parede iluminada que servirá para tapar as traseiras da casa". O responsável espera que a intervenção seja licenciada com "brevidade", por tratar-se de um projecto que "irá valorizar a cultura da cidade".
O Centro Cultural D. Francisco de Noronha Meneses irá albergar todos os arquivos históricos da instituição (actualmente funcionam em instalações inadequadas); uma biblioteca; um espaço museológico para pintura excedentária, entre outras valências, como um auditório para conferências. Foi Estêvão Samagaio quem, em 2002, sugeriu a criação de um pólo cultural.
A Câmara do Porto esclareceu que o projecto de requalificação, apresentado há um ano, teve "pareceres desfavoráveis" e que em Outubro passado os técnicos da Câmara estiveram reunidos com o arquitecto e com um representante da Santa Casa, "que sugeriram apresentar um novo projecto, que ainda não foi entregue". Entretanto, o edifício desenhado por Nasoni permanece fechado ao público e em avançado estado de degradação. Estêvão Samagaio garante, contudo, que "não está abandonado" e que a segurança do espaço é assegurada por "cães treinados".
O maior labirinto verde da Península Ibérica
A Casa da Prelada, um imóvel de interesse público, foi construída em meados do séc. XVIII e é uma das obras mais emblemáticas do arquitecto italiano Nicolau Nasoni. Está inserida numa quinta onde se destacam os obeliscos, os jardins - no "maior labirinto da Penísula Ibérica" -, um castelo e um lago. O projecto na altura da construção ficou incompleto a casa deveria ser constituída por quatro torres, mas acabou por ficar com apenas uma. O espaço foi doado em 1904 à Santa Casa da Misericórdia do Porto pela família Noronha de Meneses. Arquivo espalhado por três locais. O arquivo histórico da Santa Casa da Misericórdia está actualmente disperso pela sede da instituição (na Rua das Flores, no Porto), Hospital de Santo António e Instituto Araújo. Há muito que as instalações são consideradas obsoletas pela própria Santa Casa, que no edifício-sede tem ainda uma biblioteca e uma sala de leitura. "Há milhares de livros e documentos arquivados em inadequadas condições ambientais", afirma Estêvão Samagaio.
No JN
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