Algumas notas soltas sobre o estudo de Rui Rodrigues, referido no postal anterior:
- Considerando os custos de construção das linhas de AV ou VE, dificilmente se consegue atingir o ponto de retorno do projecto. No entanto, consegue-se, ao fim de alguns anos, atingir rentabilidade na exploração (ou seja, sem se considerar os custos de construção). E aqui não está considerada a redução de custos externos (redução na mortalidade devido a acidentes, tempo de deslocação, preço do petróleo, etc).
- Elevada comparticipação da UE na construção de linhas de AV / VE (80%), em constraste com a comparticipação para a construção de um aeroporto novo (11%);
- A NAER já gastou 100 milhões de euros em estudos e a RAVE outros 50 milhões de euros.
- Não se modernizou eficientemente a Portela, nem se investiu correctamente no sector aéreo. Na ferrovia, foram gastos milhares de milhões de euros numa rede de bitola ibérica (que já começa a ser somente bitola lusa...), sem estratégia (apesar dos inumeros seminários, reuniões e congressos organizados para o caso) e que não permitiu resolver um problema de fundo para a nossa ferrovia: a pouca operabilidade com as redes europeias de transportes.
- Vale bem a pena ver a diferença entre Portugal e Espanha, no que foi feito entre 1986 e hoje nos dois países... (página 20 do estudo):
- Em 2002, o Metro de Lisboa teve um prejuízo de 173 milhões de euros e, actualmente, as receitas de bilheteira cobrem somente 28% dos custos operacionais. O passivo acumulado aproxima-se dos 2.500 milhões de euros.
- O Metro pretende expandir as suas linhas da actual rede até 2010, estimando-se um custo superior a 1,4 mil milhões de euros. A procura não tem acompanhado o aumento da circulação originada pelo aumento da extensão da rede. O tráfego anual ronda os 140 milhões de passageiros.
- O Alfa Pendular, em finais deste ano, já irá fazer a viagem Lisboa-Porto em 2h30 (mais meia hora do que pretende fazer uma nova linha de AV e que pode custar 5 mil milhões de euros).
Estas são só umas notas soltas de um estudo bastante aprofundado sobre os Sistemas Integrados de Transportes. Não deixe de ler este estudo (é a opinião de uma pessoa ligada ao sector ferroviário, é verdade, mas com informação bastante relevante e credível).
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