Depois de ler o post no Nortadas, fiquei com curiosidade e fui consultar o site da RTP. Este programa é hilariante: um assassino, Otelo Saraiva de Carvalho, condenado e posteriormente amnistiado pelo Mário Soares (apesar de ele nunca ter pedido perdão ou reconhecido o erro cometido, essencial para uma amnistia...) pode ser eleito como um Grande de Portugal.
Se já não bastava alguém se lembrar de o incluir na lista, pior ainda é o resumo que fazem dele:
É considerado o grande estratega do 25 de Abril de 1974. Corajoso e determinado, Otelo Saraiva de Carvalho ajudou a pôr fim ao regime marcelista. Foi responsável pelo sector operacional da comissão coordenadora do MFA, que dirigiu nesse dia as operações militares. O golpe que intentou em 25 de Novembro de 1975 afastou-o de posições de poder mas, recuperada a imagem, candidatou-se à Presidência da República por duas vezes. Foi preso no caso das FP-25, mas acabou amnistiado em 1996. “Devemos-lhe imenso”, assegura Fernando Lopes.
Nascido em Lourenço Marques, Moçambique, em 31 de Agosto de 1936, Otelo Saraiva de Carvalho é conhecido como o chefe operacional do golpe de Estado de 25 de Abril de 1974. Foi determinante para o fim da ditadura, no posto de comando clandestino instalado no Quartel da Pontinha. O sonho materializava-se. Nunca será esquecido devido à sua coragem e astúcia. Otelo esteve em Angola de 1961 a 1963 e na Guiné de 1970 a 1973. Na fase final da guerra, foi um dos principais impulsionadores do movimento de contestação ao Decreto-Lei n.º 353/73, que dava a possibilidade aos milicianos do quadro especial de oficiais de ultrapassarem os capitães do quadro permanente nas suas promoções. Isto deu início ao movimento dos capitães e ao movimento das forças armadas (MFA). Foi precisamente como responsável pelo sector operacional da comissão coordenadora do MFA que dirigiu os acontecimentos do 25 de Abril. O desejo de liberdade e o descontentamento em relação à política seguida pelo governo na guerra colonial foram as motivações de Otelo Saraiva de Carvalho. “Um actor político com imensa coragem física”, diz o cineasta Fernando Lopes. Após a queda do I Governo Provisório, ficou à frente do Comando Operacional do Continente (COPCON). Mas, pouco tempo depois, o governo substituiu-o no comando do organismo, o que levou Saraiva de Carvalho a intentar um golpe em 25 de Novembro de 1975. Saiu derrotado e foi preso. Três meses depois de ser solto, e de reabilitar a sua imagem, chega outro dos momentos fundamentais da sua vida: a candidatura às eleições presidenciais de 1976, e de novo em 1980, como candidato apoiado pela extrema-esquerda; nas primeiras eleições conseguiu metade dos votos dos comunistas. Em 1984 voltou a ser preso, desta vez sob a acusação de envolvimento com as Forças Populares 25 de Abril (FP-25), grupo revolucionário responsável por mortes, atentados e confrontos com a polícia. Foi libertado cinco anos mais tarde, ficando a aguardar julgamento em liberdade provisória, tendo sido amnistiado em 1996. Otelo Saraiva de Carvalho é, ainda hoje, uma referência para os activistas de esquerda em Portugal.
E assim se tenta fazer a História de Portugal... No topo da página de Otelo, aparece
"Militar/Político". Eu trocaria por "Assassino / criminoso".
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