A notícia publicada no Expresso de hoje vem mostrar mais uma negociata e provar que as pessoas neste país só conseguem ver negócio através da construção civil.
A AEP decidiu abandonar Matosinhos e mudar-se de malas e bagagens para Santa Maria da Feira. Neste local, vai surgir uma mega-complexo que inclui um centro de exposições, um campo de golf, e outros equipamentos desportivos, pelo menos um hotel de nove andares, uma densa urbanização e uma clínica de cuidados continuados que poderá funcionar como uma âncora de um novo pólo de saúde.
Mas, se a Exponor sai de Matosinhos então algo tem de ir para lá:
os sete hectares da Exponor acolherão um centro de negócios, um complexo de cinemas e uma área comercial que incluirá a unidade da cadeia Ikea.
E a quem é que a AEP decidiu entregar esta complexa tarefa de negociação com as várias entidades? Nada mais nada menos que ao antigo presidente da Câmara de Matosinhos, que durante o seu mandato se opôs à saída da Exponor desta cidade! É até irónico o que consta no artigo do Expresso:
Em Janeiro, Narciso vai liderar os novos negócios da AEP, participar na gestão do novo grupo AEP/TCN e terá como primeira tarefa negociar o dossiê Exponor junto do seu sucessor na Câmara a que presidiu até Outubro. (...) Enquanto presidente da Câmara, Narciso sempre se opôs à saída da Exponor. Mas, em Agosto, num documento interno, já reconhecia que os seus efeitos na economia do concelho se tinham esgotado e defendia a reavaliação do equipamento.
Na frente política, a AEP recorre a uma ofensiva em tenaz. Se Narciso agiliza a boa vontade de Matosinhos e facilita o contacto com o poder socialista, na Feira conta com a influência de um dos seus homens-fortes (Sá Correia), actual n.º 2 da Câmara. No terceiro vértice deste triângulo está Couto dos Santos, ex-ministro de Cavaco. A transferência de local da Exponor, um equipamento que recebe anualmente 1,5 milhões de visitantes, 4500 expositores estrangeiros e 10 mil empresários em turismo de negócios que representam 30 mil dormidas na hotelaria portuense, provocará um choque tremendo no ordenamento da Área Metropolitana do Porto e terá de ser tratado com delicadeza pelas suas múltiplas implicações.
E, last but not the least:
Mas, toda esta revolução depende de um pequeno mas crucial detalhe - a generosidade da Câmara de Matosinhos. A AEP desfruta de direito de superfície dos terrenos da Exponor que, nos termos do acordo assinado há 20 anos, devem reverter para a autarquia (que suportou 90% do custo) no dia em que deixar de acolher feiras.
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